quarta-feira, 15 de junho de 2016

SOLICITAÇÃO DE DESLIGAMENTO

ERINHO VIEIRA FERREIRA, brasileiro, casado, Ministro Eclesiástico, Membro da CGADB - Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil sob o numero de registro 78404; membro da COMADEMG - Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus no Estado de Minas Gerais, sob o número de registro 01.525; e filiado à Assembleia de Deus Ministério de Teófilo Otoni-MG, sob o cargo eclesiástico de pastor; vem, com base no dispositivo constitucional que garante a liberdade do cidadão, preconizando no seu art. 5º, XX, “que ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado”; em atendimento ao disposto no art. 7º inciso IV do Estatuto Social da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil e seus demais artigos, em termos pacíficos, requerer seja realizada a:

NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL para fins específicos de PEDIDO DE DESLIGAMENTO da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, da Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus no Estado de Minas Gerais e da Assembleia de Deus Ministério de Teófilo Otoni; a sua Mesa Diretora e seu mui digno Presidente - Pr. Valdivino Eugênio da Silva, com fulcro nas razões de direito que passa a expor:

1. Completam na data supracitada, exatos 2 anos e 5 meses que foi recebido por esse honrado ministério, que o convidou para desempenhar a obra missionária no Vale do Jequitinhonha, cujo alvo primordial é a salvação de almas, que precisam ser amadas, cuidadas e protegida de lobos ferozes, edificando-as em Cristo Jesus;

2. Enquanto pertenceu ao ministério, procurou honrá-lo, defendendo de quaisquer injúrias e servindo com fidelidade, sinceridade, coragem, dignidade e, acima de tudo, com muito amor; Sem jamais gerar qualquer tipo de escândalo ou manchas ou eximir-se das responsabilidades ou deveres a ele impostos.

3. No decorrer dessa marcante trajetória, passou por muitos aprendizados que marcaram a sua vida, ministério e família. Teve experiências que o acompanharão para sempre como verdadeiras lições de vida. Fruto, obviamente, da bondade de Deus e da confiança do seu mentor, pr Gilvan Silva Souza, e de seu presidente, pr Valdivino Eugênio da Silva.

É notável, pelo os fulcros introdutórios, que sua decisão, não é de ordem institucional, mas é movida por princípios e legados aprendidos dentro das Sagradas Escrituras e desenvolvidos com a prática pastoral. Uma vez que, durante todo esse tempo juntos, só lhe restam boas e salutares recordações.

No entanto, considerando que:
• Os fatos ocorridos nos últimos dias tornaram a sua permanência nesse elevadíssimo ministério insustentável.
• Entendendo que o setor do ministério em Machacalis-MG, sob os seus cuidados, tendo congregações em Machacalis-MG, Bertópolis-MG, Umburatiba-MG e Santa Helena de Minas-MG, sendo as quatro igrejas em salões alugados, estão na região eclesiástica da Assembleia de Deus Missão Ministério de Águas Formosas. O que é vetado pelo o artigo 9º incisos I e II do Estatuto Social da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Mas, que também não foi ele quem iniciou estes trabalhos, mas que já os recebeu em andamento e com quase 100 crentes congregando. E que só veio a assumir este setor por estar servindo ao ministério que o transferiu para ele, tendo a ciência que o presidente da Assembleia de Deus Missão de Águas Formosas deu a devida autorização para que estes trabalhos fossem abertos por este ministério.
• Ao chegar aqui, sonhando com um crescimento e avivamento prometido por Deus, trabalhou com afinco e determinação para pastorear as ovelhas que lhe foi confiado, evangelizando e ganhando muitas outras almas para o Reino de Deus, que não tem placa ministerial, ao ponto de o setor ultrapassar a casa dos 130 crentes (membros e congregados) dentro de um ano e meio.
• Mas, que foi surpreendido com a decisão do ministério em desistir destas igrejas e ovelhas tão amadas e defendidas por este pastor, entregando-as para a Assembleia de Deus Missão Ministério de Águas Formosas, para que ela possa continuar cuidando delas. Porém, ao informar às ovelhas que elas continuariam sendo pastoreadas por esse outro ministério, todas elas foram unânimes em rejeitá-lo, principalmente porque ele não está disposto a manter as igrejas abertas, para que todos possam continuar congregando no mesmo lugar juntos, como uma família, com identidade própria.
• Desde o dia que as ovelhas foram informadas da reunião de transição de ministério, marcada para o dia 10 passado, entraram em desespero e começaram a falar em se dispersar. Umas, falavam em congregar em outras igrejas, outras falavam em ficar em casa, que é um passo para se afastar do evangelho, mas nenhuma delas aceitava ser remanejada para os templos do outro ministério.
• Sempre acreditou que estes trabalhos tiveram a aprovação de Deus e o seu auxílio para o crescimento sonhado. Pelo o contrário, não estaria trabalhando em uma obra que não fosse da vontade soberana do Eterno Deus. E também não consegue conceber a ideia de uma igreja em pleno crescimento, tanto espiritual quanto em número, tenha o aval de Deus para ser fechada da noite para o dia, seja qual for os motivos ministeriais. Pois, toda vida acreditou que Deus não fecha igreja, mas a faz crescer e prosperar. Por outro lado, o diabo sempre lutou para fechar as portas da igreja do Senhor Jesus. Por esta razão, lutou com todas as suas forças no dia da reunião, para convencer a Assembleia de Deus Missão Ministério de Águas Formosas a dar continuidade ao trabalho e manter os salões abertos, a fim de evitar que as ovelhas se dispersassem. Porém, todo o seu esforço foi em vão, pois o ministério estava irredutível em sua decisão de não manter os trabalhos, mas, queriam, a qualquer custo, remanejar todos os crentes para os seus templos.
• Fortemente alicerçado nos princípios das Sagradas Escrituras, que um verdadeiro pastor ama as suas ovelhas mais do que a sim mesmo, ao ponto de dar a sua vida por elas e jamais as abandona (Jo 10.11) e que Deus irá cobrar de cada pastor que agir de forma a dispersar as ovelhas (Jr 23.1, Ez 34.2), entende que se abandonar tantas ovelhas aflitas e desesperadas não passa de um mercenário que não tem cuidado das ovelhas (Jo 10.13). Portanto, por amor incondicional às ovelhas, resolve renunciar todos os privilégios do ministério e das convenções, estadual e geral. Sabendo que, não terá como continuar cuidando e protegendo estas ovelhas, a fim de não as deixar dispersar, pertencendo a esses órgãos que tanto ama também, mas que o amor às ovelhas fala mais alto.

Sendo assim e por todo o exposto, considerando que é direito de qualquer dos membros da CGADB, COMADEMG e Assembleia de Deus Ministério de Teófilo Otoni, pedirem o seu desligamento venho, pelo presente instrumento, na melhor forma de direito:

• Requerer meu desligamento da CGADB,
• Requerer meu desligamento da COMADEMG,
• Requerer meu desligamento da Assembleia de Deus Ministério de Teófilo Otoni,
• Requerer à Mesa Diretora da CGADB que proceda, através de Resolução a ser publicada no Boletim Reservado, a homologação de meu desligamento; (Art. 30, inc. IV Estatuto da CGADB).

Termos em que,
Pede Deferimento.

Machacalis-MG, 14 de Junho de 2016


Erinho Vieira Ferreira



OBS: Com os fins de serem resguardados os direitos legais imanentes da referida decisão do requerente, uma cópia deste documento foi protocolada às 10h03min do dia 15 de junho de 2016, na Igreja Assembleia de Deus Ministério de Teófilo Otoni-MG, na rua Engenheiro Argolo, 134, centro, Teófilo Otoni/MG, e também publicada no seu blog pessoal: http://averdadequeliberta1.blogspot.com.br/

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O LADRÃO QUE FOI PARA O PARAÍSO



É muito comum ouvirmos críticas acerca de pessoas que eram marginais, ladrões, assaltantes, homicidas, etc. E depois correram para a igreja e viraram crentes. Agora, elas abrem a boca com toda ousadia e dizem: "Estou salvo, Cristo me salvou!".
Esse é um tipo de testemunho que incomoda as pessoas que nunca fizeram nenhum tipo de atrocidade, são cidadãos de bem e não se consideram salvos. Então, eles acham um absurdo uma pessoa que era marginal até pouco tempo, fazer uma declaração tão ousada como esta. Geralmente se duvida que Jesus possa salvar pessoas que já praticaram tanta maldade. Por ignorância, as pessoas acabam pensando que a salvação é meritória.
Se assim o fosse, como ficaria a situação do ladrão da cruz? Ele passou a sua vida inteira roubando e praticando maldades terríveis e, quando já estava pregado na cruz, condenação aplicada na época para os maiores criminosos, ele faz o seu último pedido ao Cristo crucificado, que ele reconhecia que era o Rei inocente: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.” (Lc 23.42). Então Jesus, como resposta, lhe faz uma promessa: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43). Você já imaginou quantas casas foram arrombadas e saqueadas por ele? Quantos cidadãos honestos foram prejudicados? Quantas crianças indefesas devem ter ficado com fome, porque ele subtraiu os poucos recursos de seus pais? Quanto sangue inocente ele deve ter derramado? Como pode Cristo prometer que aquele marginal estaria com o Salvador no paraíso, naquele mesmo dia? Só porque ele fez um pedido, todo o passado tenebroso foi apagado e esquecido? Não seria injustiça de Deus beneficiar um criminoso como este com a vida eterna, enquanto condena pessoas de bem ao inferno?
Veja, se a salvação fosse dada por meio das nossas boas obras, como uma recompensa de todo o bem que fizemos aos outros, não haveria necessidade de Jesus deixar toda a sua glória junto ao pai e descer para a terra; se encarnar e habitar em forma humana entre os homens (Jo 1.14), se rebaixando ao ponto de se tornar menor do que os anjos (Sl 8.5; Hb 2.7,9); experimentar as nossas fraquezas e limitações (Hb 4.15); ser traído por aquele que lhe era íntimo e de sua confiança (Sl 41.9); ser negado três vezes pelo discípulo mais corajoso; ser humilhado, desprezado, vituperado; levar chicotadas com pedaços de ossos na ponta do chicote do carrasco, que saiam arrancando pedaços de carne das costas do inocente Cordeiro; levar murros e tapas no rosto ensanguentado pela coroa de espinhos que lhe feriam a fronte; ser golpeado na cabeça com uma vara, cuspido e zombado; ser forçado a carregar uma cruz pesada até o lugar da sua crucificação, quando já não tinha mais forças, pela a horrenda judiação durante toda a noite; ter as suas mãos e os seus pés cravados no madeiro, com pregos pontiagudos e penetrantes, que geravam dores profundas no seu corpo abatido; ter recebido vinagre em lugar de água, quando a sede mais apertava e ressecava a sua garganta; ter a sua carne traspassada por uma lança que derramou as últimas gotas de seu sangue purificador. Tudo isso seria em vão, se a salvação fosse meritória.
Assim, não precisaríamos do “Cordeiro, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Porém, seriam os nossos méritos, a causa de nossa salvação. No entanto, o apóstolo Paulo diz que “não vem pelas obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.9). Mas é pela graça, mediante a fé. E graça significa FAVOR IMERECIDO. Pois, “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). De forma que nenhum de nós mereceu a vida eterna, mas se reconhecermos os nossos pecados, confessando-os, e pedirmos a Cristo para nos salvar, seremos salvos e “justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24).
Como foi dito, todos pecaram e não existe ser humano justo ao ponto de merecer a bondade de Deus. Dessa forma, por mais que alguém seja bom e justo, do ponto de vista humano, ainda assim é condenável diante de Deus, pois “por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5:12). De forma que “uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens” (Rm 5:16). O profeta Isaías chega a dizer que “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia” (Is 64:6).
Com isso, as obras boas e justas que os cidadãos de bem fazem são como uma torta deliciosa, feita por um leproso e colocada sobre as mãos em chagas vivas. Você teria coragem de comer? Certamente que não! Dessa forma as justiças de um pecador.
Diante disso, a única forma de alcançar a salvação é através do reconhecimento e arrependimento profundo e sincero de seus pecados (Mt 3:2; Mc 1:15; At 2:38), crendo em Jesus como o Filho de Deus e o Cordeiro que tira o pecado do mundo. De forma que não existe injustiça da parte de Deus em salvar um criminoso arrependido e condenar um cidadão que não reconhece o seu estado miserável de pecado. “Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".” (Rm 1:17).
E aqui está um paradoxo. Pessoas que nunca andaram na marginalidade, não alcançarão a salvação e serão condenadas ao inferno. E pessoas que passaram as suas vidas inteiras praticando maldades, serão salvas. As primeiras nunca reconheceram os seus pecados e, consequentemente, nunca buscaram a remissão deles. Já os últimos sempre souberam que eram pecadores, merecedores do inferno, mas conheceram o Cordeiro que tira o pecado do mundo e recorreram a Ele. Muitas vezes, no último instante de suas vidas, mas ainda em tempo oportuno de se arrependerem de todos os seus pecados e os confessarem ao Cristo.
Certa vez, Jesus foi criticado por comer com pecadores e cobradores de impostos.  Um cobrador de imposto, que era chamado de publicano, era considerado ladrão, pela a natureza do seu trabalho. Jesus não só comeu com os publicanos, mas também escolheu a Mateus, o publicano, para ser um de seus apóstolos. E essa atitude gerou polêmica por parte dos judeus religiosos, que achavam um absurdo. Jesus, escutando as suas murmurações, dá uma resposta que é a chave para o entendimento de toda esta problemática: “não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes(Mt 9:12). Os fariseus, religiosos, se consideravam justos e santos e, por isso, merecedores do Messias, perderam a salvação por já se considerarem dignos.
De forma que, se alguém pensa que vai ser salvo porque pratica o bem e tem uma vida religiosa, está redondamente enganado e, certamente, perdido.
Porém, se você já reconheceu o seu estado miserável de pecado e recorreu a Jesus para te limpar de toda a iniquidade, então não tenha medo de dizer: "Estou salvo, Cristo me salvou!". Pois, quem te garante é o próprio Salvador: "... Estarás comigo no paraíso".
Portanto, fazer este tipo de declaração, não é ser prepotente ou se considerar melhor e mais santo do que os demais, mas é uma questão de acreditar fielmente no poder do evangelho e na promessa feita: “porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jr 31:34).
 Se alguém ainda não tem esta certeza, certamente está faltando-lhe a fé que conduz o pecador a uma verdadeira conversão e entrega total de sua vida ao Salvador Jesus. O ladrão acreditou em Jesus e na sua promessa e foi para o paraíso, e você? Consegue abrir a sua boca e dizer: “Estou salvo, Cristo me salvou”?

Por: Pr Erinho Vieira Ferreira
Pastor da AD em Machacalis-MG (campo de Teófilo Otoni-MG).

terça-feira, 27 de maio de 2014



O OBREIRO DO SENHOR DEVE RECEBER SALÁRIO? OU DEVE SER VOLUNTÁRIO?

I Corintios 9:1-14
1 - NÃO sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo SENHOR nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?
2 - Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor.
3 - Esta é minha defesa para com os que me condenam.
4 - Não temos nós direito de comer e beber?
5 - Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?
6 - Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?
7 - Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?
8 - Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo?
9 - Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?
10 - Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante.
11 - Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?
12 - Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.
13 - Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar?
14 - Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.


INTRODUÇÃO

Em toda minha caminhada de cristão, sempre apoiei o salário do dirigente de igreja, mas, por falta de conhecimentos em relação ao assunto, eu costumava enxergar com maus olhos aqueles pregadores itinerantes, que não têm um trabalho secular para o seu sustento, mas que vivem exclusivamente do evangelho. Já cheguei a dizer que aquele que cobra para pregar a palavra de Deus, não terá mais galardão no céu, pois já recebeu o seu galardão aqui na terra. Talvez, você pense como eu pensava, ou até mesmo seja um pouco mais radical, não concordando nem mesmo com o salário do dirigente de igrejas e, esteja dizendo: “Cristo disse que de graça recebemos e de graça devemos dá!”. 

A maioria das igrejas evangélicas remunera aos seus dirigentes e dão ofertas a pregadores e cantores. Porém, a CCB (Congregação Cristã no Brasil) é adepta ao fazer sem receber nada em troca, ou seja, lá os seus dirigentes não recebem salário, também não se paga a pregadores e muito menos a cantores. Mas, quem está obedecendo a Bíblia? A igreja que paga? Ou a que não paga? É sobre este assunto que estaremos discorrendo neste texto, todavia, estarei dando ênfase ao salário do dirigente.

1. A VISÃO DA CCB

A CCB é contra o salário do obreiro, alegando que quem faz a obra por dinheiro já recebeu o seu galardão. Ela usa pelo menos quatros argumentos básicos: 

1.1. Jesus disse: de graça recebestes, de graça daí

“Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8). Portanto, quem não faz de graça é mercenário! (Jo 10:12)

1.2. O apóstolo Paulo não cobrou salário para anunciar o evangelho

A CCB alega também que o apóstolo Paulo não cobrou salário de nenhuma igreja e que sempre trabalhou fazendo tendas (Atos 18:3) para não ser pesado a ninguém (2 Co 11:8 e 12:13; 1 Ts 2:9; 2 Ts 3:8). 

1.3. Se alguém não quiser trabalhar, não coma também

Ela usa I Ts 4. 11-12 e II Ts 3. 6-15 como referências para afirmar que Paulo ensinou aos dirigentes a trabalharem e não ficarem dependendo de salário da igreja.

1.4. O salário do obreiro é a vida eterna

A CCB afirma que salário na bíblia significa recompensa, e assim como o salário do pecado é a morte, o salário do obreiro é a vida eterna. Portanto, quando a Bíblia diz que o obreiro é digno do seu salário, está afirmando que ele é digno da vida eterna. 

2. REFUTAÇÃO DOS ARGUMENTOS DA CCB
2.1. A interpretação correta de: de graça recebestes, de graça daí

Esse argumento da CCB é precipitado e distorcido, pois Jesus não estava falando de anunciar o evangelho de graça, e sim fazer os milagres de graça. Porque ele não iria dá um mandamento e em seguida contradizê-lo! Pois, nos versículos seguintes Ele declara que o obreiro não deve se preocupar com o seu sustento, porque ele deverá viver da obra: “Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos, nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão; porque digno é o operário do seu alimento.” (Mateus 10:9-10).

Na verdade, no versículo 1º de Mateus 10 está a chave para o entendimento dessa frase: “E, CHAMANDO os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.” (Mateus 10:1). Jesus estava advertindo aos discípulos a não se aproveitarem do poder que tinham recebido e cobrarem para curar os enfermos, limpar os leprosos, ressuscitar os mortos e expulsar os demônios. Pois é assim que está escrito: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8). 

Para entendermos melhor, imaginemos o seguinte: uma mãe está com o seu filho possesso de demônios, quebrando tudo dentro de casa, ela conhece um crente que tem poder sobre os demônios, que estende a mão e os expulsa em nome de Jesus, ela vai procurá-lo para expulsar os demônios do seu filho e, o tal crente diz: “eu vou, mas você deve pagar R$ 100,00 pelo o serviço!” Imaginemos outra situação hipotética: você está com a sua sogra enferma dentro de casa, como aconteceu com Pedro, e recebe a visita de um crente cheio do Espírito Santo e que cura os doentes em nome de Jesus, você pede para orar por sua sogra, mas ele declara que cobra para curá-la! Você pagaria? Você pode até dizer: “Se fosse outra pessoa, eu até pagaria, mas como é a sogra, a deixe morrer!” RSRSRS (só para descontrair!). Você pode achar estranho isso, mas naquela época era comum encontrar pessoas ganhando dinheiro com encantamentos, a exemplo de Elimas (Atos 13: 4-12), e da jovem “que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.” (Atos 16:16b).

Portanto, quando Jesus declara: “de graça recebestes, de graça daí”, ele está afirmando que as maravilhas e os milagres, que aqueles que creem no seu nome podem fazer (Mc 16:17-18), não devem ser cobrados. Porque o poder e a autoridade que Cristo deu aos crentes são para confirmar a mensagem pregada, pois assim está escrito: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.” (Marcos 16:20). Mas, não significa dizer que o obreiro não deva receber salário para se dedicar exclusivamente ao evangelho. Pois, o apóstolo Paulo, fazendo uma interpretação dessas palavras de Jesus, declara: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (I Corintios 9:14).

2.2. Será que Paulo não recebeu salário de nenhuma igreja?

É bem verdade que Paulo trabalhou na sua profissão enquanto anunciava o evangelho (Atos 18:3). Porém, ele foi uma exceção entre os apóstolos, assim também como foi uma exceção na questão do casamento, pois ele também preferiu ficar solteiro (I Co 7:7-8), para ter uma maior dedicação na obra de Deus (I Co 7:32). E a igreja católica aproveitou essa decisão de Paulo para criar a lei do celibato, quando o próprio Paulo manda que o bispo seja casado (1 Tm 3:2). Da mesma forma, a CCB aproveitando de algumas falas do apóstolo Paulo, quanto a sua decisão de anunciar o evangelho de graça, criaram a doutrina que o obreiro não deve receber salário, enquanto o próprio apóstolo ensinou às igrejas que elas deveriam remunerar os seus dirigentes (I Co 9:1-14; 1 Tm 5:17-18).

Quem afirma que Paulo se auto sustentou, enquanto anunciava o evangelho, não conhece a Bíblia. Pois, ele afirma para os coríntios, que recebia salários de outras igrejas: “Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário;” (II Corintios 11:8a). E ainda declara que recebia ajuda financeira de outros irmãos: “Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade;” (II Corintios 11:9). Portanto, com estas duas declarações de Paulo, entendemos claramente que o que ele ganhava, fazendo tendas, não era suficiente para as suas despesas, mas que as suas necessidades eram supridas por algumas igrejas ou irmãos.

2.3. Para quem Paulo disse: Se alguém não quiser trabalhar, não coma também?

Paulo disse: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” (II Tessalonicenses 3:10). Todavia, precisamos saber para quem Paulo está direcionando esta exortação, pois acreditamos que toda a Bíblia é inspirada pelo o Espírito Santo e não pode se contradizer. Dessa forma, Paulo não iria dá dois mandamentos contraditórios.

Ora, para entendermos melhor estas recomendações de Paulo, precisamos primeiro, entender um pouco sobre o contexto da igreja primitiva. Pois texto sem contexto é pretexto para heresia! Todo texto é escrito sob um contexto histórico e a bíblia não é diferente.

A igreja primitiva vivia sob o regime de socialismo, ou seja, todos os crentes tinham tudo em comum (Atos 2. 44). Quem tinha alguma propriedade, vendia e entregava o dinheiro aos líderes da igreja, para que eles fizessem a distribuição entre os que tinham necessidade (Atos 4: 34, 37 e 5:2). Parece que os cristãos primitivos interpretaram ao pé da letra a recomendação de Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;” (Mateus 6:19), e a conversa que teve com o jovem rico: “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.” (Mateus 19:21). Portanto, o sentimento que os cristãos tinham era de não acumular bens, até porque eles acreditavam que Jesus iria voltar logo para buscá-los (I Ts 4.15).

Só que alguns crentes preguiçosos começaram a se aproveitar desta situação e, estavam deixando de trabalhar para se sustentar, mas viviam pedindo à igreja. Uma coisa é socorrer o necessitado, outra coisa é sustentar malandro aproveitador! E esses problemas chegaram aos ouvidos de Paulo: “Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs.” (II Tessalonicenses 3:11). Era disso que Paulo estava falando e nada tinha que ver com o salário do obreiro. Observe que Paulo não falou dos líderes da igreja, mas disse que alguns dos crentes estavam deixando de trabalhar.

Portanto, esse mandamento de Paulo não é para os obreiros, e sim para os membros da igreja. Dessa forma, as referências de I Ts 4. 11-12 e II Ts 3. 6-15 não servem para argumentar contra o salário do obreiro. Pois, o próprio Paulo defende a ideia do obreiro deixar de trabalhar: “Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?” (I Corintios 9:6). Com esta pergunta, Paulo queria dizer: todos os outros apóstolos não trabalham, porque eu e Barnabé também não podemos deixar de trabalhar?

2.4. Desmentindo a ideia de que o salário do obreiro é a vida eterna

A afirmação de que o salário do obreiro é a vida eterna não tem cabimento. Pois, Paulo afirma aos romanos que a vida eterna é o dom gratuito de Deus: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 6:23) e ele deixa claro que a salvação (vida eterna) é pela graça, por meio da fé: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8). Ora, graça significa favor imerecido e, salário é merecimento. Outro sim, a salvação não pode ser alcançada pelas as obras: “Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Efésios 2:9). E Jesus se refere ao alimento em Mateus 10:10: “... porque digno é o operário do seu alimento.” E Paulo é mais claro ainda: “Não temos nós direito de comer e beber?... Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?” (I Corintios 9:4,11). Ele ainda dá o seguinte mandamento: “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui.” (Gálatas 6:6). E se a vida eterna é o salário dos obreiros, como fica a situação de quem não é obreiro?

Portanto, o salário do obreiro nada tem que ver com a vida eterna, mas é para o seu sustento, pois Paulo faz os seguintes questionamentos: “Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?” (I Corintios 9:7). E escreve a Timóteo: “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.” (II Timóteo 2:6)

3. O EXEMPLO DE JESUS

Você já se perguntou se Jesus trabalhava? O que ele fazia para sustentar o seu ministério? Mateus narra no capítulo 13 e verso 55 que o povo o reconhece como o filho do carpinteiro, que era José, mas Marcos escreve no capítulo 6 e verso 3 que o povo da sua terra natal o reconhece como o carpinteiro. Certamente, ele aprendeu a profissão com o seu pai. Porém, a bíblia não apresenta Jesus exercendo a sua profissão, enquanto estava exercendo o seu ministério, que começou aos 30 anos de idade (Lc 3:23). Os adeptos da CCB, não conhecendo a Bíblia, fazem questão de afirmar que Jesus exercia o seu ofício enquanto anunciava o evangelho, mas o que a Bíblia declara é que Jesus dedicara-se exclusivamente ao anuncio do reino de Deus e que era sustentado pelas as mulheres que o seguiam, conforme está escrito em Lucas 8:1-3:

1 - E ACONTECEU, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele,
2 - E algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios;
3 - E Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com seus bens. 

Certo dia, ao ser questionado sobre o salário do pastor, eu mostrei esta passagem de Lucas para um membro da CCB. Ao ler, ele disse que as mulheres citadas nesta passagem serviam a Herodes. Só porque no texto está dizendo que Cuza, esposo de Joana, era procurador de Herodes. Ora, mesmo sabendo ler, uma pessoa que ler um texto desse e afirma uma barbaridade desta, só pode ser analfabeto! Porque o texto é muito claro ao afirmar que os doze discípulos iam com ele (Jesus), e algumas mulheres que haviam sido curadas e que o serviam com seus bens.

Portanto, Jesus nos deixou o seu exemplo, se dedicando exclusivamente ao seu ministério e sendo sustentado pelas as mulheres. E isto é interessante! Porque justamente as mulheres? Os homens não tinham mais dinheiro do que as mulheres? Não eram as mulheres sustentadas pelos os homens? Parece que Jesus, com o seu exemplo, nos quer deixar uma lição de fé! Que, se aqueles que deveriam patrocinar a proclamação do evangelho se omitirem, Deus levantará pessoas, de onde agente não espera, para fazer isto.

Assim sendo, ao classificar um pastor que recebe salário de ladrão, a CCB está chamando o próprio Jesus de ladrão. Porque os pastores não só estão obedecendo a ordem expressa do Senhor (I Co 9:14), como estão seguindo também o seu exemplo.


4. PORQUE VIVER DO EVANGELHO?

A ordem de Jesus é clara: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (I Corintios 9:14). Mas, porque viver do evangelho, ao invés de ter um trabalho ou emprego para se sustentar? Porque ficar dependendo do evangelho? A resposta Jesus deu em Lucas 9: 59-62:

59 - E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: SENHOR, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai.
60 - Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus.
61 - Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa.
62 - E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.

Existe um ditado antigo que diz: dois sentidos não se assimilam. O que Jesus estava dizendo é que, aqueles que querem anunciar o seu evangelho não devem ficar divididos entre duas preocupações. E esta exortação serve para aqueles que passam a semana toda correndo atrás do sustento da sua família e dedicam ao Senhor apenas algumas noites. Observe o que Paulo diz: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente.” (II Timóteo 2:4-5). O obreiro que se embaraça com negócios desta vida, não tem tempo para se dedicar à oração e ao ministério da palavra, que são obrigações do líder da igreja, conforme está escrito: “Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.” (Atos 6:4). Deus quer do obreiro uma dedicação exclusiva ao evangelho, porém, o obreiro precisa se alimentar, se vestir e sustentar a sua família, afinal de contas, eles também têm as suas necessidades! E sobre isto, Paulo diz: “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.” (II Timóteo 2:6). Por isso, a igreja deve sustentar o obreiro, “porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.” (I Timóteo 5:18).

5. PAULO ENSINA À IGREJA PAGAR DOBRADO AO PRESBÍTERO QUE GOVERNA BEM

Paulo não só ensinou a igreja sustentar o obreiro, mas também honrar com salário dobrado aos presbíteros que governam bem. Você pode achar que eu já estou indo longe de mais! Mas veja o que ele escreveu a Timóteo: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.” (I Timóteo 5:17-18).

Portanto, se o líder da sua igreja, que se dedica em te ensinar a palavra e a doutrina, não está sendo honrado devidamente, com um bom salário, significa que a sua igreja está sendo desobediente. Sabendo que, o que Paulo ensinou são mandamentos do Senhor, como ele mesmo reivindica: “Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.” (I Corintios 14:37).


CONCLUSÃO

Portanto, se Cristo ordenou, aos que anunciam o evangelho, viver do evangelho, e ele mesmo nos deixou o seu exemplo, se todos os apóstolos recebiam salário das igrejas, se Paulo também recebeu salário de algumas igrejas e ensinou às igrejas pagarem devidamente um bom salário aos seus pastores, porque desobedecer este tão claro mandamento? Diante destes fatos, concluímos que as igrejas que pagam aos seus líderes os seus devidos salários, estão obedecendo à palavra de Deus. E a CCB, que não paga, está em desobediência. Portanto, “ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” (Efésios 5:6)



Erinho Vieira Ferreira
Pr da Assembléia de Deus em Itinga-MG